Nascimento: 14/12/1947, Belo Horizonte (MG)
Profissão: Economista
Período de Governo:
01/01/2011 a 01/01/2015 (primeiro mandato)
a partir de 01/01/2015 (segundo mandato)*
Tipo de Eleição: direta
Idade ao Assumir: 63 anos
Obs.: Dilma é a primeira brasileira que ingressou no cargo de presidente da República.
*Em 12 de maio de 2016, a presidenta foi afastada, devido a abertura de um processo de impeachment. Em 31 de agosto de 2016, foi condenada, pelo Senado, por crime de responsabilidade fiscal e Michel Temer, o vice-presidente, ocupou o seu lugar de forma definitiva.
Dilma Vana Rousseff nasceu no dia 14 de dezembro de 1947, na cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Seus pais são a professora Dilma Jane da Silva, que nasceu no Rio de Janeiro, em Resende e o búlgaro Pedro Rousseff, poeta e empresário. Dilma ainda teve mais dois irmãos, Zana e Igor.
Ingressou nos estudos pelo Colégio Nossa Senhora Sion e realizou o ensino médio no Colégio Estadual Central (atual Escola Estadual Governador Milton Campos). Já com 16 anos, entrou para a política por meio de organizações contrárias ao regime militar, como o Comando de Libertação Nacional (Colina) integrado posteriormente à Vanguarda Popular Revolucionária, se tornando a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares.
No ano de 1969, conheceu o advogado Carlos Franklin Paixão de Araújo e se apaixonou por ele. No mesmo ano, foram perseguidos pela Justiça Militar. Com a acusação de ter cometido subversão, ou seja, rebelião, foi presa e torturada. Ela permaneceu de 1980 a 1982, no presídio Tiradentes, em São Paulo.
Depois que saiu da prisão se mudou para Porto Alegre, em 1973, e voltou aos estudos, cursando Economia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Já em 1975, trabalhou como estagiária na Fundação de Economia e Estatística (FEE) e em 1976, nasceu sua filha Paula Rousseff Araújo.
Em 1979, focou na campanha pela Anistia (quando os militares iniciaram o processo de abertura política) e fundou o Partido Democrático Trabalhista (PDT) junto com o marido Carlos Araújo, no Rio Grande do Sul. Entre 1980 a 1985, fez parte da assessoria da bancada estadual do PDT. E em 1986, se tornou Secretária da Fazenda, cargo ocupado devido ao convite feito por Alceu Collares, prefeito de Porto Alegre.
Com o retorno da democracia, Dilma se tornou diretora-geral da Câmara Municipal de Porto Alegre, fazendo parte da campanha de Leonel Brizola, em 1989, ano em que ocorreu a primeira eleição pós ditadura. No segundo turno das eleições, Dilma defendeu Lula, do PT.
Já no início de 1990, ela se tornou presidente da Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul. Em 1993, Alceu Collares foi eleito governador do Rio Grande do Sul, e ela se tornou secretária de Energia, Minas e Comunicação do estado.
Em 1998, iniciou o doutorado em Economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), porém como seu foco estava na campanha de sucessão do governo gaúcho, não defendeu a sua tese. Com a aliança entre PT e PDT, Olívio Dutra foi eleito e Dilma, mais uma vez, permaneceu no cargo como secretária. Em 2000, filiou-se ao PT. Por causa de seu trabalho no estado, sendo um dos poucos a entrarem no racionamento de energia em 2001, Luiz Inácio Lula da Silva se interessou pela sua gestão. Em 2002 foi convidada a integrar a equipe de transição de governo de FHC e Lula. Com a posse de Lula, assumiu o cargo de ministra de Minas e Energia.
Já entre 2003 a 2005, ela liderou uma reforma no setor criando o marco regulatório, um conjunto de leis, regulamentos e normas técnicas, para as atividades de Minas e Energia. Também, sob a presidência do Conselho de Administração da Petrobrás, ela deu inicio a introdução do biodiesel como nova fonte de energia brasileira e elaborou o Programa Luz para Todos.
Ainda no governo de Lula, em 2005, Dilma se tornou chefe da Casa Civil em substituição a José Dirceu que havia se envolvido no escândalo do mensalão. Ela assumiu a frente de projetos tais como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa, Minha Vida (programa destinado a ofertar casas populares para os brasileiros). Realizou a coordenação da Comissão Interministerial destinada a definir regras a exploração das recém-descobertas de petróleo, integrando a Junta Orçamentária do Governo.
Em 2009, divulgou a existência de um câncer linfático no organismo e recebeu todos os atendimentos necessários no Hospital Sírio-Libanês (SP). Em 2010, Dilma e Lula criaram a segunda parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), responsável pela ampliação das metas da primeira parte do PAC. No mesmo ano, se candidatou à presidência e o Partido dos Trabalhadores tornou a sua candidatura oficial.
Ao vencer as eleições contra o candidato José Serra, Dilma Rousseff tomou posse em 1º de Janeiro de 2011 com o vice-presidente Michel Temer. Dilma é a 36º Presidente da República e a primeira mulher no cargo. No primeiro mandato, a presidenta deu continuidade aos programas sociais do Governo de Lula, intensificou o combate à corrupção, trabalhou para uma política externa de integração e na redução da desigualdade social. Nas eleições de 2014, Dilma foi reeleita para mais um mandato de 4 anos.
Em maio de 2012, foi implantada a Comissão Nacional da Verdade (CNV) para investigar os crimes e violações contra os diretos humanos entre 1946 a 1988. Em dezembro de 2014, as investigações foram concluídas e um relatório final apresentado sobre recomendações ao Estado àqueles que cometeram tais violações, principalmente, durante o período do Regime Militar (1964 a 1985).
Em 2013, foi revelado o esquema de espionagem internacional, em que o Planalto estaria sendo monitorado pela Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA) de acordo com o ex-analista, Edward Snowden. Foi aberta uma CPI da Espionagem no Senado para investigar o caso. Depois do fato, as relações entre Brasil e Estados Unidos ficaram conturbadas, tanto é que a presidenta cancelou a viagem para Washington, onde se reuniria com Barack Obama. As relações do Brasil com os EUA só foram reatadas no encontro de Dilma e Obama no G-20, na Rússia, em setembro de 2013.
O mês de junho de 2013 foi marcado por uma série de protestos nas principais capitais do país contra o aumento das tarifas do transporte público, críticas com relação a vários setores da sociedade e a realização da Copa do Mundo. Os protestos atingiram grandes proporções e Dilma fez um pronunciamento em rede nacional realizando um pacto com governadores e parlamentares para atender as exigências da população, principalmente com relação ao transporte público. A presidenta propôs um plebiscito para eleger temas que poderiam ser abordados em uma reforma política, mas a proposta foi rejeitada no Congresso.
Em função dos protestos, o Senado criou uma pauta com assuntos prioritários, onde foi incluído a PLS 204/2011, que torna a corrupção um crime hediondo e a PEC 6/2012, que exige a ficha limpa para servidores públicos. Um dos projetos que foram aprovados em 2013 foi a PLC 46/2013, Lei 12.860/2013, que dispõe sobre a redução a zero das alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre as receitas decorrentes de prestação de serviços de transporte urbano municipal.
Em 2014, um dos destaques foi a criação da lei sobre o Marco Civil para a Internet. A lei foi sancionada em abril, no Encontro Global Multissetorial sobre o Futuro da Governança da Internet - NET Mundial, que aconteceu em São Paulo. Uma das conquistas foi a neutralidade da rede e a proteção do sigilo de dados e navegação.
Durante o governo de Dilma, foi realizado um dos maiores eventos esportivos do mundo, a Copa do Mundo de 2014. O evento gerou diversas críticas e protestos de políticos e da população. Porém, para a presidenta o evento foi um sucesso, mesmo com a vergonhosa derrota no jogo do Brasil contra a Alemanha.
Umas das irregularidades que se destacou no governo em 2011 foram as suspeitas do patrimônio que Antônio Palocci acumulou por quatro anos. Antônio Palocci, ocupou o cargo de Ministro da Fazenda no governo de Lula. De 1º de janeiro a 7 de junho de 2011 foi Ministro-chefe da Casa Civil, sendo acusado de acumular o patrimônio de forma ilícita. Ele renunciou e foi substituído pela Senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) que deixou o cargo em fevereiro de 2014.
Foram feitas denúncias contra Alfredo Nascimento (PR-AM), dos Transportes, alegando que construtoras e consultorias de projetos que realizam obras em ferrovias e rodovias haviam pagado propina para o PR. Na época, surgiram várias suspeitas e irregularidades em obras do Dnit e da Valec (empresa pública), fato que levou a instalação de uma CPI.
Outra denúncia aconteceu no Ministério da Agricultura com a intensa ação de lobistas e também de que Oscar Jucá Netto, diretor da Conab, teria realizado um pagamento ilícito de R$ 8 milhões para uma empresa fantasma. O esquema teria começado quando Wagner Rossi era diretor da Conab (2007-2010). Netto foi exonerado do cargo e ainda decidiu denunciar os outros envolvidos no esquema. O Ministro da Agricultura Wagner Rossi foi acusado, na época, de aceitar propina e utilizar dinheiro do governo para pagar dívidas pessoais, além de outras irregularidades. Em agosto pediu demissão.
No Ministério do Turismo, 38 pessoas foram presas por meio da Operação Voucher, da Polícia Federal, que apontou desvio de dinheiro. O candidato à ministro Pedro Novais foi acusado de usar verbas para cobrir gastos em um motel no ano de 2010. Tomou posse em 2011 e durante a operação seus principais assessores foram presos. Ele culpou um dos assessores, devolveu o dinheiro aos cofres públicos, porém, logo depois foi descoberto que ele usava dinheiro público para pagar a governanta e utilizou um motorista particular da Câmara para prestar serviços à sua esposa. Desmentiu muitas acusações, mas acabou saindo do cargo em setembro de 2011.
Com os escândalos no Ministério de Transportes e da Agricultura, foram realizadas denúncias no Ministério das Cidades. Quem foi acusado de tráfico de influência foi o ministro Mário Negromonte, substituído por Aguinaldo Ribeiro, em fevereiro de 2012.
Além dessas denúncias, em 2011 houveram outras irregularidades no governo dentro do Ministério dos Esportes, do Trabalho, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
No segundo ano de governo, a Polícia Federal revelou por meio da Operação Monte Carlo, as relações entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e políticos importantes do centro-oeste. Ele foi preso em fevereiro de 2012. As investigações mostraram a relação com Demóstenes Torres (ex-DEM), governadores (Agnelo Queiroz, Marconi Perillo e Sérgio Cabral), diversos parlamentares e também a Delta, uma empreiteira que gerenciava muitas obras do PAC. Foram abertos vários inquéritos no STJ, STF, Justiça Federal de Goiás, levando ao surgimento de uma CPI no Congresso.
No dia 14 de fevereiro de 2012, senadores da oposição fizeram denúncias contra Guido Mantega, ministro da Fazenda. O ministro foi acusado de omitir uma suposta cobrança de propina na Casa da Moeda. No episódio, ele teria conhecimento de que Luiz Felipe Denucci, ex-presidente da entidade, havia enviado cerca de R$ 25 milhões para fora do país. Dennucci foi nomeado pelo ministro como presidente da Casa da Moeda. O caso foi investigado pela Procuradoria-Geral da República, mas Guido Mantega justificou que o manteve no cargo por se tratar apenas de suspeitas sem comprovação.
Em novembro de 2012, com a Operação Porto Seguro, a Polícia Federal prendeu seis pessoas acusadas de vender pareceres técnicos do governo para empresas, além de apontar 12 acusados de participar do esquema. Uma delas é a assessora da presidência Rosemary de Noronha que foi apontada como intermediadora do esquema entre políticos e empresas. Rosemary foi exonerada do cargo, assim como outros acusados.
Em 2013, uma denúncia foi feita sobre corrupção na Petrobras, onde partidos como o PT e o PMDB estariam sendo favorecidos, inclusive com o repasse de dinheiro para a campanha presidencial de Dilma Roussef, em 2010. As acusações foram feitas pelo engenheiro da Petrobras e ex-diretor da BR Distribuidora João Augusto Rezende Henrique. Os partidos negaram o envolvimento.
Um dos contratos investigados foi a compra de uma refinaria em Pasadena, no Texas, que teria sido um péssimo investimento, no período em que Dilma era ministra das Minas e Energia e Presidente do Conselho Administrativo da Petrobras, no governo de Lula. Essa descoberta levou os senadores dos partidos contrários a pedirem a instalação de uma CPI. As investigações levaram até a Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, onde foi revelado que recursos da estatal estariam sendo desviados para pagamento de propina no Congresso. Com as delações premiadas do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, vários dirigentes de empreiteiras, diretores da petrobras e pessoas relacionadas a Youssef foram levadas para a Polícia Federal a fim de prestar depoimentos. Muitos deles foram acusados e presos.
Durante seu primeiro mandato houve uma desaceleração na economia e consequentemente uma baixa nos indicadores econômicos, um exemplo foi o crescimento baixo do PIB, cerca de 2,7% (2011) que depois despencou nos outros anos e o aumento da inflação. Além disso, vários escândalos atingiram o governo e prejudicaram na economia.
O segundo mandato da presidenta Dilma começou no dia 1º de janeiro de 2015, seguido de uma crise política e econômica. Esse fato levou o governo a tomar medidas pouco populares para combater a crise, dentre elas estão o aumento da luz e da gasolina, aumento dos impostos, mudanças na aposentadoria e outras regras trabalhistas, dentre outras.
Essas atitudes fizeram com que houvesse uma queda na sua popularidade em fevereiro, dando início a uma série de protestos pelos estados brasileiros desaprovando as providências tomadas. Essas manifestações foram conhecidas popularmente como panelaço e realizadas no dia 8 de março de 2015, durante o discurso de Dilma, em comemoração ao Dia da Mulher. Os cidadãos à favor do governo também realizaram manifestações.
O clima de insatisfação perdurou pelo país, até que diversos pedidos de impeachment começaram a ser feitos para que a presidenta saísse do poder, sob a argumentação da existência de altos custos de impostos e tarifas, corrupção na política, o caso da Petrobras, etc. Apesar de muitos realizarem uma manifestação pacífica, houveram atos de violência (ataque à sede do PT, em Jundiaí - SP, por exemplo) registrados no dia 15 de março de 2015. Brasileiros que estavam no exterior também agendaram manifestações contrárias a Dilma.
Novas pesquisas foram realizadas para avaliar a popularidade da presidenta. Uma delas feita pela Datafolha, após as manifestações de março, divulgou que houve uma queda expressiva: cerca de 62% dos entrevistados afirmaram que seu governo foi ruim/péssimo, dado considerado um dos piores índices para o cargo de Presidente da República, desde setembro de 1992, período em que ocorreu o impeachment do ex-presidente Fernando Collor.
Em seu 2º mandato, Dilma havia prometido realizar medidas de anticorrupção, apoiando uma lei no Congresso que puniria os agentes públicos que tivessem desviado dinheiro e enriquecido de maneira ilícita.
Assim, em 18 de março de 2015, foi enviado ao Congresso, várias medidas para combater a corrupção nas esferas do governo (executivo, legislativo e judiciário), além de garantir uma transparência maior no setor privado. Uma das medidas do projeto de lei foi a exigência da Ficha Limpa para todos os servidores públicos, e o decreto que regulamentou a Lei Anticorrupção, nº 12.846/2013, onde as empresas seriam responsabilizadas por práticas ilícitas contra a Administração Pública, sendo punidas com multas em cima de seu faturamento.
A partir de maio de 2015, o governo anunciou um corte no orçamento em vários ministérios, dentre eles estão os ministérios de cidades, da saúde, transporte, educação e defesa. Outras medidas foram tomadas para tentar reverter e reduzir os custos governamentais.
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha apoiou um dos pedidos de impeachment contra a presidenta, no dia 02 de dezembro de 2015. A partir daí, foi oficializado a criação de uma Comissão Parlamentar Especial, composta por 65 deputados, responsável pela produção de um parecer para a abertura ou não desse processo. Por causa do recesso parlamentar e outras ações, apenas no dia 17 de março de 2016, a Câmara elegeu, por votação aberta, uma comissão de 65 integrantes destinados a analisar à denúncia contra a presidenta da República. Em abril, foi autorizada a instauração do processo de impeachment.
Antes do fim do mandato, Dilma Rousseff, no dia 12 de maio de 2016, foi afastada por até 180 dias e quem assumiu neste período foi o vice-presidente Michel Temer. Como resultado deste processo, a mesma foi condenada por crime de responsabilidade fiscal e, portanto, destituída de seu cargo, em 31 de agosto de 2016. Temer se tornou o 37º Presidente da República.
Obs.: Eduardo Cunha também foi um dos investigados pela Operação Lava Jato, citado por Delcídio do Amaral, em sua delação premiada.
Em março de 2016, à medida em que foi deflagrada a 24ª operação da Lava Jato pela Polícia Federal, sendo um dos principais alvos o ex-presidente Lula, Dilma o convidou para o cargo de Ministro-chefe da Casa Civil, onde ele teria foro privilegiado e teria seus processos julgados pelo STF.
No dia 13 de março de 2016, ocorreram diversas manifestações pelo país formando uma multidão com mais de 3 milhões de pessoas contra a corrupção e à favor do impeachment da presidenta. Essas manifestações foram consideradas um marco na história do Brasil.
A nomeação de Lula ocorreu no dia 16 de março de 2016, em meio a vários protestos. No dia seguinte, foi suspendida a sua posse na Casa Civil, resultado de uma decisão liminar (provisória) do juiz federal da 4ª Vara do Distrito Federal. A liminar foi derrubada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), mas sua posse continuou suspensa.