Nascimento: 27/10/1945, Garanhuns (PE)
Profissão: Metalúrgico
Período de Governo:
01/01/2003 a 01/01/2007 (primeiro mandato)
01/01/2007 a 01/01/2011 (segundo mandato)
Tipo de Eleição: direta
Idade ao Assumir: 58 anos
Posse: a posse aconteceu no dia 01/01/2003, em sessão no Congresso Nacional dirigida pelo Senador Ramez Tebet.
Obs.: No segundo mandato tomou posse no dia 01 de janeiro de 2007, em sessão no Congresso dirigida pelo Senador Renan Calheiros.
Luiz Inácio Lula da Silva nasceu em Garanhuns, no Pernambuco, em 27 de outubro de 1945. Casou com 23 anos, porém perdeu a esposa grávida de oito meses que estava com hepatite. Teve uma filha com a ex-namorada Miriam Cordeiro e depois casou-se pela segunda vez com Marisa Letícia, em 1974, tendo três filhos com ela, onde registrou também o enteado que não conheceu o pai.
De família humilde, seus pais, Aristides Inácio da Silva e Eurídice Ferreira de Mello tiveram oito filhos e Lula foi o sétimo. No ano de 1952 viajou com a família para o litoral de São Paulo em um caminhão pau de arara para residir em Vicente de Carvalho, um bairro no Guarujá.
Estudou no Grupo Escolar Marcílio Dias e em 1956, foi para São Paulo junto com a família, onde passaram a morar em um cômodo pequeno nos fundos de um bar. Quando tinha 12 anos trabalhou em uma tinturaria e depois como office-boy e engraxate.
Aos 14 anos, trabalhou nos Armazéns Gerais Columbia, primeiro local onde sua Carteira de Trabalho foi assinada. Depois foi transferido para a Fábrica de Parafusos Marte, onde conquistou uma vaga para o curso de torneiro mecânico do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Com a conclusão do curso após 3 anos, ele conseguiu se profissionalizar em metalurgia.
Após o golpe militar de 1964, houve uma crise no Brasil e isso forçou Lula a trocar de emprego. Ele passou por diversas fábricas até ingressar nas Indústrias Villares, considerada uma das principais metalúrgicas do país, localizada em São Bernado do Campo, no ABC Paulista. Foi nesse emprego que ele conheceu o movimento sindical, por meio do irmão José Ferreira da Silva (Frei Chico).
No ano de 1969, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema realizou uma eleição para nova diretoria e Lula foi eleito como suplente. Nas eleições de 1972, passou para primeiro-secretário. Em 1975, se tornou presidente do sindicato, sendo o representante de 100 mil trabalhadores. Em sua liderança, o movimento sindical brasileiro ganhou novas perspectivas. Foi reeleito em 1978 e depois de 10 anos sem greve, iniciaram-se as primeiras. Em 1979, houve uma greve dos metalúrgicos no ABC Paulista que abriu espaço para a democracia. Desde o governo de Ernesto Geisel (1974 a 1979) que havia proposto uma abertura política, os trabalhadores começaram a reivindicar seus direitos e salários.
A população estava descontente com o governo e surgiram diversos movimentos contrários ao regime tais como estudantis, de associações e sindicatos. O movimento dos operários do ABC paulista foi um dos mais expressivos do período. Aconteceu em meio a transição para o governo de João Figueiredo. Cerca de 170 mil trabalhadores fizeram paralisação, no dia 23 de março de 1979, o governo decidiu intervir nos sindicatos, fechando-os e foram feitas novas negociações. Devido a repressão policial e a falta de políticos que representassem o direito dos trabalhadores, Lula, em fevereiro de 1980, criou o Partido do Trabalhadores (PT), em conjunto com políticos, intelectuais, líderes de movimentos sociais e sindicalistas.
Em 1980, surgiram novas greves que acabaram fechando sindicatos, prendendo os líderes da greve (Lula foi preso) e representantes de associações liberais, com confrontos entre a policia e os trabalhadores. Após a libertação dos sindicalistas (Enilson Simões, Osmar Santos, Lula, Djalma Bom e Nelson Canhoto), estes foram processados conforme a Lei de Segurança Nacional (LSN), no início de 1981.
No ano de 1992, o PT já era popular em quase todos os estados brasileiros. Lula ingressou na política como líder do partido e concorrendo ao governo de São Paulo. Outros participações políticas de Lula:
No dia 01 de janeiro de 2003, Lula iniciou o seu mandato de governo, sendo o primeiro operário a ganhar o cargo de presidente. Durante o período que governou, priorizou a implantação de programas sociais, como o Bolsa Família. Além disso, deu acesso à população de baixa renda a linhas de crédito, trabalhou para a geração de emprego, aumentou a qualidade de vida em diversas áreas como moradia, educação, saneamento, dentre outros; e, aumentou o salário mínimo. Lula manteve as estatísticas de famílias e desemprego abaixo da linha da pobreza, tendo uma administração aprovada em 87% pela população.
No primeiro mandato houve um crescimento econômico no país. Ocorreram diversos avanços sociais, com uma melhora na distribuição de renda, por causa da política que valorizou o salário mínimo e programas sociais. O governo de Lula veio para trazer mudanças significativas ao país. Mesmo o presidente tendo vindo de família humilde, trabalhado como mecânico e sem graduação, conseguiu entrar na política pela sua liderança.
Antônio Palloci, Ministro da Fazenda em 2003 procurou seguir com a política econômica implantada no governo de FHC, assim, foi mantido os juros altos com o objetivo de pagar a dívida externa feita nos governos anteriores através do FMI. Palloci não deu continuidade à implantação da política, pois havia se envolvido em vários escândalos. Assim, pediu demissão e em seu lugar assumiu o economista Guido Mantega.
O intuito do governo era manter a estabilidade da moeda e conquistar a confiança do FMI além de investidores de outros países. Houve redução dos investimentos públicos, aumento dos impostos e reforma tributária. Mesmo com essas medidas, Lula conseguiu bons resultados na área econômica: o controle da inflação se manteve abaixo de 5%, houve crescimento econômico e aumento do salário mínimo.
Na área social, a implantação dos projetos focou na diminuição da pobreza e da miséria. Com isso, criou em 2003, o Programa Fome Zero, influenciado pelo sociólogo Betinho, a fim de realizar medidas que ajudassem o pobre à crescer na sociedade. Porém, o programa demorou a ser implantado, sendo integrado à projetos sociais como o Bolsa Família (programa de transferência de renda para famílias carentes, que devem comprovar a permanência dos filhos na escola. Seu objetivo é melhorar qualidade de vida dessas famílias).
O programa beneficiou a muitos, mas recebeu críticas de estudiosos que o consideraram assistencialista, já que há transferência de dinheiro, sem ações que estimulem essas pessoas à ingressar no mercado de trabalho, com a alegação de que o Estado estaria sustentando os pobres.
Outros programas populares criados no governo foi o Programa Universidade para Todos (Prouni) com o intuito de oferecer bolsas de estudo em faculdades e universidades do país. Além do Luz para Todos, lançado em 2003, com o objetivo de levar energia elétrica para áreas rurais.
Mesmo com o sucesso dos programas sociais houveram problemas para conter a violência e a marginalidade, em que o governo teve que enfrentar conflitos com tráfico no Rio de Janeiro, por exemplo. Um dos acontecimentos que também gerou críticas ao governo foi causado pelo assassinato de Dorothy Stang, em 2005, uma norte-americana que ajudava famílias carentes expulsas de sua terra por madeireiros e fazendeiros no Pará.
Algo que diminuiu a credibilidade do governo foi a corrupção e o escândalo do mensalão. A promessa de Lula era trazer ética para dentro da política, mas em 2005, foi feita uma gravação em que o assessor Waldomiro Diniz em nome de José Dirceu, Ministro da Casa Civil, pedia propina para um bicheiro com o objetivo de financiar as campanhas políticas do ministro.
Com a descoberta, o assessor foi exonerado e foram feitas investigações para verificar se Dirceu era cúmplice. Através do caso de Waldomiro, foi aberta a CPI dos bingos, onde através de escutas telefônicas foi constado o envolvimento de parlamentares em fraudes nas loterias do Rio de Janeiro. O caso se tornou mais polêmico, quando Roberto Jefferson, do PTB, acusou Dirceu de chefiar o esquema de Mensalão (propinas eram pagas aos parlamentares de empresas que lucravam em cima de contratos públicos do Estado ou empresas estatais). O objetivo do dinheiro era conseguir o número suficiente de deputados que aprovassem seus projetos em destaque. Dos envolvidos estavam Marcos Valério e Delúbio Soares.
Dirceu foi retirado do seu cargo e Dilma o ocupou. O presidente disse que não sabia do que estava acontecendo. Em 2006, Antônio Palocci foi retirado do cargo, por causa das acusações de corrupção, ocupado por Guido Mantega. No decorrer do seu mandato houveram outros escândalos que retiraram do poder outros ministros de Lula.
Lula foi reeleito no dia 29 de outubro de 2006 com o vice José Alencar. Mesmo com todos esses escândalos, a integridade de Lula continuou, tanto que conseguiu ser reeleito vencendo de Geraldo Alckmin do PSDB.
Lançou no dia 22 de janeiro de 2007, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) com medidas criadas para acelerar o crescimento econômico do Brasil. O programa contribuiu também com mudanças na legislação e administrativas. O comitê para gerenciar o PAC foi formado pelos ministros mais importantes da época, Guido Mantega, Dilma Rousseff e Paulo Bernardo. Houve um crescimento do Produto Interno Bruto Nacional e um dos setores que mais teve crescimento foi o da agricultura.
Além disso, seu governo foi marcado por diversos movimentos sociais, sendo um dos mais expressivos, o Movimento dos Sem Terra (MST).
Em 2008, o governo foi abalado pelo escândalo dos cartões corporativos, onde foram feitas denúncias de gastos desnecessário através dos cartões.
Além disso, trouxe o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), a fim de promover maior qualidade na educação. Criou um piso salarial nacional para policiais civis e militares, além do programa de habitação para a classe. Em seu governo, pesquisas foram desenvolvidas para estudar os biocombustíveis, como também a descoberta da camada do Pré-Sal.
No fim do mandato, no dia 1º de janeiro de 2011, Lula deixou o cargo para um marco na história do país: a primeira Presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, sua sucessora.
Assim, ele retorna ao Instituto Cidadania que se transformou em Instituto Lula, localizado em São Paulo no bairro Ipiranga. O ex-presidente passou a ministrar palestras e seminários em vários países.
Em 2011, Lula descobriu uma doença, câncer de laringe, e se recuperou dela em 2012. A partir de junho de 2013 passou a publicar um artigo todo mês divulgado em diversos países pela agência de notícias do The New York Times (jornal americano).
Algumas suspeitas de corrupção à Lula, tornaram sua vida difícil a partir de 2016. Ele foi acusado por crimes de ocultação de patrimônio, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
Para que as investigações continuassem, no dia 4 de março, o ex-presidente foi levado à prestar depoimento, no aeroporto de Congonhas para a Polícia Federal, na fase batizada de Operação Aletheia.
No dia 10 de março, um pedido de prisão preventiva foi emitido pelos promotores do Ministério Público de São Paulo José Carlos Blat, Cassio Conserino e Fernando Henrique de Moraes. Para entender os fatos é necessário compreender cada etapa do processo:
No dia 04 de março, por existirem evidências de que o ex-presidente recebeu altos valores do esquema da Petrobras e também de pagamentos realizados por empresas investigadas na operação, a Polícia Federal deflagrou a 24ª fase da Operação Lava Jato, sendo Lula o alvo das investigações, além do esquema bilionário de lavagem de dinheiro, feito por desvios da Petrobras e evasão de divisas.
O senador Delcídio do Amaral, prestou depoimento em fevereiro e com esta colaboração ele teria uma pena amenizada. Em sua delação premiada citou mais de 70 políticos envolvidos, dentre eles Lula e Dilma. Ele os acusou de dificultar o andamento da Operação Lava Jato ao nomear ministros nos tribunais superiores que ajudariam na defesa deles. Além disso, afirmou que o ex-presidente tinha o conhecimento do esquema de propina na Petrobras e agiu de modo a evitar as investigações, tentando oferecer dinheiro em troca do silêncio de testemunhas, como por exemplo a de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras.
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou Lula pelos crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica acusado de ter adquirido um triplex em Guarujá, no litoral de São Paulo. O promotor Cassio Conserino, foi um dos responsáveis por apresentar a denúncia, estando ela relacionada a ocultação de patrimônio. Lula negou a compra do triplex.
Assim, em 10 de março de 2016, o MP-SP pediu a sua prisão preventiva. De acordo com os promotores, o imóvel havia sido preparado para a família de Lula. O caso foi analisado pela juíza da 4ª Vara Criminal de São Paulo e encaminhado para a 13ª Vara Federal de Curitiba, ficando sob a responsabilidade do Juiz Federal Sérgio Moro.
Em 16 de março, à convite da Presidenta Dilma, Lula foi nomeado Ministro-Chefe da Casa Civil, em substituição a Jaques Wagner. Esse cargo seria uma das opções para que Lula conseguisse foro privilegiado e além disso, auxiliasse Dilma a reorganizar a base política no Congresso. Porém, sua nomeação foi suspensa.
É um termo chamado de foro especial por prerrogativa de função ou foro privilegiado que dá, a determinada autoridade, de acordo com a lei, o direito de proteção durante o exercício de uma função ou mandato. No caso de Lula, esse mecanismo, daria o direito de não ser julgado na Operação Lava Jato, comandada pelo juiz Sérgio Moro, em Curitiba, já que os ministros de estado possuem foro privilegiado. E, assim seriam julgados apenas pelo Supremo Tribunal Federal.
A nomeação do ex-presidente como ministro causou diversos protestos em várias partes do país. Tanto em prol, quanto contra o governo. Houveram vários panelaços e buzinaços pedindo, também, o impeachment ou renúncia da presidenta Dilma Roussef.
No dia 17 de março de 2016, a posse de Lula foi suspensa pela decisão liminar (provisória) do juiz federal da 4ª Vara do Distrito Federal, sendo derrubada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Mesmo assim, sua posse continuou suspensa, ou seja, mesmo tendo sido realizada a cerimônia de posse, ele não iria realizar as funções do cargo.